Framework novo, webinar “imperdível”, nova ferramenta de IA, tendência do trimestre, evento para “não ficar para trás”, metodologias que não servem mais.
No marketing e vendas B2B, a sensação é de que quem para por um instante, fica para trás. Mas será que esta obsessão está nos deixando mais preparados ou apenas mais ansiosos?
No episódio 54 do Conversa B2B, os sócios da Conversa.tech, Guilherme Sboarim e Giuliano Duccini, receberam duas líderes de peso: Thaís Azevedo (CMO da Unico Skill) e Fernanda Pacheco (Dir. de MKT e Consultora Sr. no Kob)
Na conversa, eles destrincharam essa cultura cheia de armadilhas da atualização constante e como navegar nesse cenário com mais estratégia, intenção e sanidade.
Veja a versão em vídeo do episódio 54
Os principais dilemas debatidos no episódio
1. A ansiedade da atualização virou job description
Não basta entregar resultado. É preciso também parecer atualizado, informado, “por dentro”. A demanda por atualização permanente virou parte invisível do escopo de trabalho do marketing — especialmente em B2B, onde o profissional é constantemente acionado como “fonte oficial” das novas tendências, ferramentas e metodologias.
No episódio, Fernanda e Thaís relatam como essa expectativa se manifesta na prática: pressão para dominar todo novo framework, sensação de culpa por não ir a todos os eventos e o medo de não saber responder “àquela pergunta” na reunião com a liderança.
“Você vira a pessoa que precisa saber tudo. O tempo todo. Mas ninguém dá conta disso.” — Thaís Azevedo
O problema não é a busca por aprendizado, é a falta de intencionalidade. Quando aprender vira uma corrida desorganizada, com o único objetivo de se manter no jogo, o resultado é ansiedade, distração e esgotamento. A consequência? Menos profundidade, mais decisões superficiais.
A resposta não está em fazer mais, mas em escolher melhor. E é aí que o autoconhecimento entra como ferramenta profissional.
2. Nem todo conteúdo é conhecimento
A avalanche de conteúdo que atinge o profissional B2B hoje cria uma falsa sensação de produtividade. Lives assistidas pela metade, relatórios salvos e nunca lidos, PDFs empilhados em pastas que ninguém abre. A sensação de estar sempre consumindo algo mascara o fato de que boa parte disso não vira ação, muito menos resultado.
No episódio, Giuliano chama atenção para o risco de se tornar um “acumulador de insights”, e Fernanda complementa com um alerta: “consumo sem curadoria gera desperdício de tempo, energia e foco”.
“Não adianta acumular conteúdo se ele não se transforma em visão prática.” — Giuliano Duccini
Não se trata sobre rejeitar o consumo, mas de criar um sistema de filtragem: o que de fato contribui para minha performance? Qual conteúdo é útil agora e qual pode esperar?
Ao abandonar o volume e focar relevância, o conteúdo volta a ocupar seu lugar estratégico como base para decisões, e não como distração disfarçada de atualização.
3. A IA como hype — e também como atalho
Manter-se atualizado já era difícil. Com a popularização da inteligência artificial, esse desafio ganhou esteroides. Novas ferramentas surgem todos os dias, prometendo produtividade, inovação e vantagem competitiva. Mas, para muitos profissionais, o sentimento predominante é outro: sobrecarga.
Segundo o LinkedIn B2B Marketing Report 2025, 72% dos profissionais de marketing B2B afirmam se sentir pressionados com a velocidade das transformações causadas pela IA. Essa sensação de urgência permanente, discutida no episódio, não apenas impacta a saúde mental das equipes, mas também sabota a tomada de decisões estratégicas.
Ao mesmo tempo, a IA pode — e deve — ser usada como aliada. Quando aplicada com intencionalidade, ela ajuda a filtrar ruído, organizar prioridades e automatizar o que antes tomava horas do time. A diferença está no como e no porquê usar, e não apenas no quanto.
A lição? A IA não é um fim em si. É um meio. Mas, como toda ferramenta poderosa, exige critério e maturidade para não virar apenas mais um hype disfarçado de produtividade.
4. Educação formal ressurge como diferencial no meio do caos
Com a pressão por aprendizado constante e o excesso de conteúdos superficiais, os profissionais vivem hoje um paradoxo: nunca se consumiu tanta informação e nunca se teve tão pouco tempo para refletir sobre ela.
Nesse contexto, o episódio traz um argumento pouco popular, mas necessário: a educação formal está voltando ao centro da estratégia de desenvolvimento profissional.
Thaís Azevedo, que viveu uma transição recente do B2C para o B2B, destaca como a profundidade que só um aprendizado estruturado oferece tem sido essencial para acelerar sua curva de adaptação — e, ao mesmo tempo, frear a ansiedade por “ter que saber tudo”.
“A educação formal constrói as fundações. É ela que permite fazer conexões e aplicar o que vem dos conteúdos mais táticos.” — Thaís Azevedo
O episódio defende um modelo de aprendizado em camadas:
- A educação formal (graduações, MBAs, especializações) como base conceitual sólida;
- Cursos de curta duração e mentorias para desenvolver habilidades técnicas sob demanda;
- Conteúdo leve e digital (podcasts, artigos, LinkedIn) para manter o conhecimento “fresco”.
Investir em educação com profundidade e método se torna uma resposta concreta à instabilidade e à superficialidade do mercado, além de um ativo real na hora de gerar impacto de longo prazo.
5. Pensamento crítico: a skill que organiza o caos
Se há uma habilidade que conecta todos os dilemas discutidos no episódio (excesso de informação, hype de IA, pressão por atualização) é o pensamento crítico.
Muito mais do que saber usar uma ferramenta ou seguir uma metodologia, o pensamento crítico permite avaliar contexto, questionar premissas, identificar vieses e tomar decisões com intenção. É ele quem separa o conteúdo útil da distração, o insight da tendência passageira, o necessário do urgente.
O episódio reforça: com IA, curadoria e “atalhos” disponíveis a todo instante, saber interpretar e aplicar se tornou mais valioso do que saber coletar.
E isso vale tanto para profissionais quanto para empresas. Times que desenvolvem pensamento crítico se tornam mais estratégicos, mais adaptáveis e menos reféns do hype do momento.
Estudos e dados citados no episódio:
Apresentação: Guilherme Sboarim e Giuliano Duccini, sócios fundadores da Conversa.tech.
Roteiro: Cláudio Souza
Convidadas:
Thaís Azevedo (CMO Unico Skill)
Fernanda Pacheco (Dir. MKT e Consultora Sr. na Kob)
O Conversa B2B é produzido pela Conversa.tech, a agência 100% B2B autoridade em vendas complexas.
Site: https://conversa.tech/
Instagram: https://www.instagram.com/conversa.tech/
LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/conversatech
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